NÍTIDA RECORDAÇÃO DE PESSOAS DOS ANOS 60 E 1970
EM PORTO DA FOLHA
Minha infância teve início na década de 1960, momento que tive a nítida noção de estar vivendo no mundo portofolhense repleto de meninos sapecas. Boa parte destes garotos geralmente criava pombos nas horas de lazer. Parece brincadeira, mas é sério, alguns viam o pombo como símbolo de liberdade.
Dentre os adultos de grande prestígio naquela época foram observados: Manoel Joaquim Lima planejando instalar sua fábrica de descaroçamento de arroz na rua das 7 casas; Aroaldo Santana conquistando a simpatia do eleitorado local, José Aragão também nesta empreitada; Eloy Poderoso com seu famoso recinto contendo mesas de bilhar, além disso ainda liderava a venda e distribuição de leite em sua residência. Na área financeira se achava Moisés Farias (Cajazeiras) com sua fortuna trancada em um cofre na própria residência sem qualquer temor de ser roubado. É bom lembrar que o nobre cidadão Moisés Cajazeiras desempenhava função muito importante em Porto da Folha, em se tratando de empréstimo e financiamento, ele substituía os bancos de hoje em dia. Moisés emprestava dinheiro vivo a quem não fosse caloteiro. O meio de transporte utilizado por ele para se locomover pelo sertão era um burro ligeiro, que não temia cansaço nem tempestade. Moisés era quem emprestava dinheiro para o policiamento local e das povoações. Em determinas ocasiões observei isso! Bastava um simples documento escrito à punho, intitulado “Cautela” contendo os nomes dos militares, total do empréstimo e pronto! o dinheiro seria liberado, mas para isso tinha que ter a assinatura de um responsável. No caso dos policiais lotados na sede, a assinatura geralmente era do meu pai, sargento Flodoaldo Santana, por quem Moisés tinha grande apreço. Além desta importante função, Moisés também se destacava na comercialização de toras de madeira na região.
Dando continuidade ao que a memória detém a respeito destes cavalheiros de grande valia naquela época, com absoluta clareza e gratidão relembro-me do Sr. Lindolfo Moreira e sua maravilhosa esposa Conceição com toda filharada; do idoso homem de cor Joaquim da esquina; de Pedro Xavier de Melo em plena atuação na política local; de Carmélio Poderoso; de Luiz Xavier; de João Tistinha com sua crescente popularidade na rua de cima; de Chiquinho Almeida com seu surtido armazém no centro da cidade assim como José Garrincha; de Chico Grande na liderança da compra e venda de bordados; de Minelvino Farias atuando politicamente; de Maneca Cural com a sorveteria mais organizada que a de Cícero Gabino; de Jonas Cadeado com seu balaio de pães pelas ruas da cidade; de José Sulipinha visto como o menor soldado da corporação; do soldado Brás Feitosa agindo como policial apaziguador; de Pedro de Anete contando casos antigos; de José Teixeira de Souza atuando como zelador da igreja; de José Alves Pechincha com sua bodega no local que hoje se acha o bar de Cícero prejuízo; de Jaime com sua bodega na rua de cima; de Pedro Dantas com seu porte físico avantajado; de Manoel Rodrigues Velho em reunião com outros idosos no beco da esquina; de Pedro Maroto criando gado na lagoa salgada; de José Valença (Zé do Pio) com sua loja de variedades; de José Bezerra Lima com sua bodega na rua de cima; de Manezinho delegado se mantendo como respeitável cidadão. De Manoel Vimvim, Alfredo, Zé de Virgem, Vicente, Manoel Botelho e Zezé Maxixe, todos atuando como lavradores; de Maraba sem conseguir namorarada; de Lourinaldo com sua banca de carnes no antigo mercado assim como Moreira Pixoca; de Pedro Lucas experimentando bom aperitivo; de Luiz Padeiro mantendo sua popularidade; de Sinfrônio com sua surtida loja de confecções e chapéus assim como Raimundo Cirandinha vendendo tecido de qualidade; de Miguel Maceió, Miguel Peteca, Miguel Chorão e Miguel do Junco lidando com lavoura; de Manezinho Moco vendendo requeijão e manteiga na rua de cima; de Valdemar da Favela; de Joaquim Pinto criando gado; de José Magazine e Maneca de Pequena com suas surtidas lojas de tecidos; de José Fuípe atuando no legislativo local; de Manoel Caio Feitosa e seu filho João Milton Pereira no cartório de registro civil; das professoras Raquel, Santinha de João Alves (minha primeira professora), Maria São Pedro Campos, Arabela, Maria José Garrincha - todas mantendo sua fama do magistério local; do professor Gilson Franco Poderoso, Valmir Faria, Frei Juvenal e Sebastião; das professoras Adjanice, Maria Mafalda, Valdice; de Maria Clara; de Maria Dória e Maria Eugênia de Sá atuando como parteiras de sucesso.
De Dona Clarinha (rezadeira); do idoso Sinhôzinho Bahia visitando oa amigos da rua de cima; de Manoel Ferrinho; de João Alves Queroba; dos sargentos Pedro Foguinho e Pedrinho Santana; de Fulô de Dor; de João Codoca. De Manoel Bumbum com sua bodega na rua de cima; de Cícero (galinha choca); do Cabo André com seu violão; de José Braúna; de Sossega desempenhando a função de mecânico; de Moacir de Lázaro cantando melodias nas serenatas; de Osório da rua nova com seu violão; de Galeguinho com sua minúscula loja de confecções; de Frei Angelino; de Antônio Pereira na desenfreada busca da cura das enfermidades do povo; do idoso Idelfonso com sua numerosa família no pontal da rua de cima; de Honório Buião, Canarinho, Piduca, Augustinho, Pedro Cego, Zé grosso, Maneca, Pedro Toquinho e seu pai - todos fazendo sucesso com seus carros de bois; de José Tibúrcio preservando sua popularidade política na Lagoa da Volta; de José Maria e Manoel Bolachão (personalidades da Lagoa do Rancho); de Acrísio Azevedo inovando o Cine Teatro Santo Antônio; de Prazerinha de Epaminondas na locução do serviço de alto-falantes, bem como Bié de Minelvino. De Lulu Cocada carregando a cruz nas procissões; de Santinho Cambaio, Zé Malfeito, Pedro Véio, seu Totô, Joaquim de Sinhorinha, Joquinha,Cícero Capacidade, Namum e Augusto Ponhém; de Manequinha Pé de Chocho conservando os arquivos da prefeitura; de Nelzinho Ferreiro, Nelzinho Galego, João Cabeleira, Chiquinho de Valdivino, Afonso padeiro, Capuchu, José Xandu, João Gavião, Pedro Severo, Sanfoneiro Expedito, João das Porteiras, Juvina, Jardilina, José Inácio, Tonho de Chico, José Moreira, Manoel de tia Chica - cada qual cumprindo sua missão. Do Padre Dárcio com sua batina preta; do Padre Alfredo. De Hercílio do Bar Estrela; de Biduzinho; de Bidó, Zé Birro, Zé Melé, Jovintino, Juvêncio vaqueiro; Joaquim Bento e Paulo Caxambu; de Zé Gato preto; de Antônio Gatinho, Moreirão, José Melosa, José Braga, João bota-fora, José Cocó e muitos outros inesquecíveis portofolhenses. Estes honrados cavalheiros e damas são de minha inteira recordação, portanto dignos de nota.
Por Joaquim Santana Neto em 01/06/2015