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CONTO DO VIGÁRIO

 

          

          São várias as versões da origem do termo “cair no conto do vigário”. O que todas guardam em comum é que tem como tema principal um golpe de esperteza e um vigário. Uma das histórias mais conhecidas é difundida pela pesquisadora Denise Lotufo, teria como palco uma disputa entre dois vigários em Ouro Preto/MG, ainda no século XVIII.

          De acordo com Denise, tudo começou com a disputa entre os vigários das paróquias de Pilar e de Conceição pela mesma imagem de Nossa Senhora.

          Um dos vigários teria proposto que amarrassem a Santa num burro que estava solto na rua. Pelo pleno, o animal seria solto entre as duas igrejas. A paróquia que o burro tomasse a direção ficaria com a imagem.

          O animal foi para a igreja de Pilar, que acabou ganhando a disputa. Mais tarde teria sido descoberto, que o burro era do vigário desta igreja. Segundo a pesquisadora, essa é uma das possíveis origens da palavra vigarista. O livro “Os Vigaristas Mineiros no Século XVIII, de Lourdes Aurora Campos de Carvalho, e Ditos e Provérbios do Brasil, do falecido Luiz da Câmara Cascudo” também apresentam uma versão semelhante.

Além mar...

          Mas Portugal também tem sua explicação para a origem do termo. Segundo a série literária “Cantos e Lenda de Portugal” da pesquisadora Natárcia Rocha, um golpe aplicado no século XIX foi o responsável pela má fama dos vigários.

 

          Alguns malandros chegavam a cidades desconhecidas e se apresentavam como emissários do vigário. O grupo afirmava que tinha uma grande quantia de dinheiro numa mala que estava bem pesada, e que precisaria guardá-la para continuar viajando. Mas, como garantia, solicitavam aos moradores da cidade uma quantia de dinheiro para viajarem tranquilos. E assim desapareciam. Quando a população abria a maleta descobria um monte de bugigangas sem valor. E assim a fama do vigário era manchada. 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Expedita Ferreira - única filha de Lampião e Maria Bonita.Expedita Ferreira - única filha de Lampião e Maria Bonita. 

 EXPEDITA FERREIRA 

(uma cidadã portofolhense)  

 

          Em 1932 a fazenda “Exu” pertencia ao município de Porto da Folha, e foi exatamente nesta ocasião, 13/09/1932, que acuado pelas volantes, o bando de Lampião se deparou com situação delicada, Maria Bonita sentiu as dores do parto e nas proximidades daquela fazenda nasceu Expedita, a única filha de Lampião e Maria Bonita. Para proteger a criança dos confrontos, o rei do cangaço inteligentemente decidiu deixar a recém-nascida aos cuidados do pacato vaqueiro Manoel Severo e sua esposa Aurora. O casal a quem foi confiada a guarda da menina não fazia parte dos coiteiros, tratava-se de pessoas honestas de absoluta confiança, assim a menina estaria segura e não levantaria suspeita de existir. 

          A fazenda Exu, a partir de 1954 passou a pertencer ao território de Poço Redondo, segundo a Lei Estadual número 554, de 06 de fevereiro de 1954, que criou os municípios de Curituba (atual Canindé) e Poço Redondo, 

         Com 21 dias de nascida, Expedita Ferreira ficou sob os cuidados de Severo e Aurora. Apesar de terem outros filhos, o casal nunca escondeu de Expedita que ela era filha de Lampião e Maria bonita, esclarecendo sempre sua procedência. A vida de lutas e fugas pela caatinga fez com que seus pais biológicos a vissem por apenas três vezes durante toda sua vida. 

          Com oito anos de idade, Expedita Ferreira foi morar com o tio paterno João Ferreira que residia em Propriá. Aos catorze anos deixou a casa do tio e seguiu para Aracaju, onde começou a trabalhar no comércio e ali reencontrou Manoel Messias Nunes Neto, seu amigo de infância, com quem mais adiante se casou. 

          Atualmente Expedita Ferreira (mãe da escritora Vera Ferreira) é respeitável e próspera, reside na capital sergipana, mas nunca se esqueceu de sua naturalidade. Expedita é, portanto, uma portofolhense ou buraqueira, apesar de o local de nascimento pertencer hoje a Poço Redondo.

  *por Joaquim Santana Neto em 18/02/2018.