Seja Bem Vindo!
2
Ao lado de Monte Alegre
Já se avista seu leito,
Afoito e perseverante
Cruza serrote com jeito,
Regando na caminhada
A caatinga desfolhada
Meio ao verão perfeito.
A cada passo que dá
Em busca do ‘velho Chico’,
Capivara pouco a pouco
Vai se tornando mais rico.
A maior força empenhada
Foi varar a serra amada
Dos homens perto do pico.
Da nascente até a foz
A vasão foi bem secreta,
Preferiu formar as curvas
A fluir em linha reta,
Esculpiu várias colinas
Até cair na campina
Da cidade predileta.
Na vazante ele deleita
Como quem achou seu ninho,
Nesta parte plana e calma
Penetra muito mansinho
Formando o “S” da sorte
Seguindo sentido norte
Ao encontro do padrinho.
Neste espaço da vazante
O capivara foi macho,
Fez realizar os sonhos
Dos de cima e dos de baixo,
Romance impróprio assistiu
Quando emendado ao rio
Peixe bom trouxe pro tacho.
|
1
RIACHO CAPIVARA EM RIMA
A nossa Sede é o tema
Do momento ora chegado,
Em detalhes segue avante
A paisagem do logrado,
Que a princípio surgiu
Lá na vazante do rio
Como um curral de gado.
Com sorte o local citado
Foi muito bem escolhido
Na vazante ou vale afável
Deste riacho aguerrido,
Que os antigos, de cara,
Deram o nome capivara
Por causa do seu mugido.
Perto da foz deste altivo
A povoação nasceu,
Numa das baixas colinas
Que o remanso teceu.
Foi por isso que algum louco
Apelidou de Buraco
Terras que Tomaz viveu.
Com relação à nascente
Deste modesto riacho,
No estado da Bahia
Principia seu despacho
Cruza a divisa aceitando
As grotas que vão formando
O reino do bicho macho.
Segue firme sua rota
Pelo mais alto sertão,
Aqui e ali secando
De acordo com o verão,
Atravessando coxilhas,
Deixando sempre na trilha
Olhos d’água em prontidão.
3
Mesmo quando sufocado
Por grave seca extensiva
Nosso velho capivara
Manteve cacimba ativa.
Os mais antigos se encheram
De fartura e de dinheiro
Graças a tal jóia viva.
Situação de penúria
Enfrenta freqüentemente
Quando a seca no nordeste
Deixa a cigarra contente.
Meio ao sofrimento forte,
Porto da Folha por sorte,
São Francisco está presente.
Por falar no “velho Chico”
Nosso tutor do futuro,
O homem mais uma vez
Com seu infiel desolo
Veio mexer na natureza
Usando sua fraqueza
No desvio deste tesouro.
É burrice em exagero
Bulir no curso do rio,
Foi Deus quem o fez assim
Na perfeição que se viu!
Porque vieram mudar?
Hão de um dia anular
Este ideal sombrio.
É justo dar nota Zero
Á essa besteira humana,
Ainda mais quando fere
Nossa jóia franciscana.
Desviar o rio amado
Foi ato desastrado
Que nos ofertou a lama.
por Joaquim Santana Neto