Seja Bem Vindo!

 

Ao lado de Monte Alegre

Já se avista seu leito,

Afoito e perseverante

Cruza serrote com jeito,

Regando na caminhada

A caatinga desfolhada

Meio ao verão perfeito.

              

A cada passo que dá

Em busca do ‘velho Chico’,

Capivara pouco a pouco

Vai se tornando mais rico.

A maior força empenhada

Foi varar a serra amada

Dos homens perto do pico.

   

Da nascente até a foz

A vasão foi bem secreta,

Preferiu formar as curvas

A fluir em linha reta,

Esculpiu várias colinas

Até cair na campina

Da cidade predileta.

      

Na vazante ele deleita

Como quem achou seu ninho,

Nesta parte plana e calma

Penetra muito mansinho

Formando o “S” da sorte

Seguindo sentido norte

Ao encontro do padrinho.

 

Neste espaço da vazante

O capivara foi macho,

Fez realizar os sonhos

Dos de cima e dos de baixo,

Romance impróprio assistiu

Quando emendado ao rio

Peixe bom trouxe pro tacho.

 

 

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RIACHO CAPIVARA EM RIMA

 

A nossa Sede é o tema

Do momento ora chegado,

Em detalhes segue avante

A paisagem do logrado,

Que a princípio surgiu

Lá na vazante do rio

Como um curral de gado.

              

Com sorte o local citado

Foi muito bem escolhido

Na vazante ou vale afável

Deste riacho aguerrido,

Que os antigos, de cara,

Deram o nome capivara

Por causa do seu mugido.

              

Perto da foz deste altivo

A povoação nasceu,

Numa das baixas colinas

Que o remanso teceu.

Foi por isso que algum louco

Apelidou de Buraco

Terras que Tomaz viveu.

                  

Com relação à nascente  

Deste modesto riacho,

No estado da Bahia      

Principia seu despacho   

Cruza a divisa aceitando         

As grotas que vão formando 

O reino do bicho macho.   

               

Segue firme sua rota    

Pelo mais alto sertão, 

Aqui e ali secando

De acordo com o verão,

Atravessando coxilhas,

Deixando sempre na trilha

Olhos d’água em prontidão. 

 

 

                           3

Mesmo quando sufocado

Por grave seca extensiva

Nosso velho capivara

Manteve cacimba ativa.

Os mais antigos se encheram

De fartura e de dinheiro

Graças a tal jóia viva.

 

Situação de penúria

Enfrenta freqüentemente

Quando a seca no nordeste

Deixa a cigarra contente.

Meio ao sofrimento forte,

Porto da Folha por sorte,

São Francisco está presente.

 

Por falar no “velho Chico”

Nosso tutor do futuro,

O homem mais uma vez

Com seu infiel desolo

Veio mexer na natureza

Usando sua fraqueza

No desvio deste tesouro.

 

É burrice em exagero

Bulir no curso do rio,

Foi Deus quem o fez assim

Na perfeição que se viu!

Porque vieram mudar?

Hão de um dia anular

Este ideal sombrio.

 

É justo dar nota Zero

Á essa besteira humana,

Ainda mais quando fere

Nossa jóia franciscana.

Desviar o rio amado

Foi ato desastrado

Que nos ofertou a lama.

 

por Joaquim Santana Neto